A réplica da Globo no caso da restrição das suas celebridades ao uso das mídias sociais

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Nos últimos dias rolou muita discussão acalorada pela internet devido ao fato da Globo ter ditados várias normas para suas celebridades em relação ao uso de redes sociais, como blogs, Twitter e Facebook.

As restrições foram severas. Foram proibidas a divulgação ou comentários sobre temas direta ou indiretamente relacionados às atividades ligadas à Globo, ao mercado de mídia ou qualquer outra informação e conteúdo obtidos em razão do relacionamento com a emissora. E não parou por aí. A partir de agora somente com autorização da Globo seus contratados poderão participar das redes sociais citadas acima. Tudo sob a alegação de proteção do seu conteúdo, evitando a exploração indevida por terceiros, assim como a preservação dos seus princípios e valores.

Muito se criticou a emissora, chamando-a até de censora, vide que ela estaria impossibilitando seu casting de se expressar livremente em tais redes. A repercussão foi tão negativa por toda a internet, que a Globo, vendo que as coisas alcançaram patamares indesejados, rersolveu se defender.

Em e-mail enviado a mim e, provavelmente, a todos que recebem o releases e novidades da emissora, Luis Erlanger, membro da Central Globo de Comunicação, relatou os motivos que levaram o canal da família Marinho a tomar tais atitudes, leia:

Caro Miguel,

Você é testemunha do quanto a Rede Globo reconhece a importância dos veículos de Internet. Nem poderia ser diferente, grande parte do conteúdo que circula nessas plataformas tem origem direta ou indiretamente no nosso universo.

E, por acreditar que essa relação é de longo prazo, resolvi falar diretamente com alguns de nossos parceiros mais próximos.

Você sabe qual o volume de trabalho e investimento necessários para se produzir um bom conteúdo.

Um post no seu blog, um comentário no Twitter ou a produção de um vídeo para a web envolve muito esforço, dedicação, foco e momentos de reflexão, até mesmo na escolha das melhores palavras-chave que serão indexadas nos serviços de busca.

Agora imagine esse movimento em escala exponencial como acontece na Rede Globo. O trabalho individual de milhares de profissionais – 18 mil pessoas espalhadas em cinco emissoras e 116 emissoras afiliadas – gera ao longo de um ano cerca de 2.500 horas de novelas e programas, além das mais de 1.800 horas de telejornalismo. E de maneira pioneira parte dessa produção está disponibilizada para qualquer pessoa na internet.

Nós acreditamos na força e na capacidade de disseminação do mundo digital, em especial das redes sociais. É dentro dessa lógica que procuramos dialogar com os 65 milhões de brasileiros usuários de internet. Reconhecemos em você um hub importante de dispersão das nossas informações dentro da rede.

A Globo estabeleceu nos últimos meses um canal de diálogo com os formadores de opinião desse novo universo. Dentro da Central Globo de Comunicação (CGCOM), há uma estrutura voltada apenas para o atendimento das demandas das novas mídias. A nossa equipe conversa diariamente com blogs, twitters, comunidades digitais para colocar à disposição quaisquer informações sobre nossos programas, novelas, séries e jornalismo.

Em dezembro do ano passado, a nossa autora Glória Perez reuniu (http://migre.me/75iv) 50 blogueiros para conversar como seria a construção do personagem Indra na novela Caminho das Índias. Ela assumiu o compromisso de levar a lógica dos blogs para a novela, e fez mais. Os blogs foram parte da produção, como o Pergunte ao Urso de Marcelo Vitorino (http://migre.me/75iW). Outra participação especial foi de Guilherme Zaiden, a celebridade do Confissões de um Emo (http://migre.me/75jl). Desde então, as nossas conversas ficaram freqüentes e bem interessantes. Você tem nos ajudado bastante nessa visão.

Para nossa satisfação, nosso trabalho com novas mídias está sendo reconhecido por instituições como o Festival de Publicidade de Cannes, o mais importante do planeta, e o Clube de Criação de São Paulo. No primeiro conquistamos a primeira edição do Leão de Relações Públicas pela estratégia de lançamento 2.0 da série Mil Casmurros (http://migre.me/75nz). E no segundo pela campanha viral de um vídeo de lançamento de Caminho das Índias com Juliana Paes e Marcio Garcia (http://migre.me/75oj).

Por isso, de certa forma, fomos surpreendidos com algumas reações na internet sobre o anúncio da nossa política de uso pelos nossos funcionários das mídias sociais. Não se trata de um novo posicionamento restritivo, mas de reforçar normas que já se aplicam a qualquer mídia tradicional. Como você, queremos proteger nosso conteúdo. Há algo errado quando alguém copia um post de um blog que levou algumas horas sendo escrito e se apropria da informação. Essa não é a crença de liberdade que todos nós defendemos na internet.

E, quando resolvemos liberar nossas produções, queremos que seja por uma iniciativa institucional e coletiva nossa e não de acordo com uma decisão individual e isolada de um de nossos contratados .

Nossa política segue uma tendência mundial, ao lado de marcas como BBC, IBM, Dell, Intel, New York Times e Folha de S. Paulo. Na verdade, deve ser a mesma visão que você deve ter em relação aos seus posts.

É importante ressaltar que ninguém está impedido na TV Globo de usar qualquer plataforma para seu uso pessoal. Atores, jornalistas e funcionários podem continuar, e até estimulamos, a experimentar a riqueza da dispersão das novas mídias. Repetindo, respeitamos tanto as mídias sociais que, quando disponibilizamos nossas produções, preferimos fazer isso diretamente, pelos canais adequados, dentro dos nossos princípios e valores.

Manter o diálogo por meio da internet com os nossos telespectadores é um movimento irreversível e a sua contribuição no sentido de melhorar esse canal continua sendo fundamental.

Abraços,

Luis Erlanger

Central Globo de Comunicação

As razões e motivos são pertinentes, mas como mesmo disse o Felipe Neto, “Nem mesmo quando a Globo está certa, ela consegue acertar.”

O problema maior foi a forma como feita a proibição, mostrando uma certa falta de tato da emissora, já que esta poderia podar os problemas em vez de simplesmente cortá-lo pela raiz. Uma interseção na forma como suas celebridades interagem diretamente com o público, mostrando certos “caminhos” à elas já seria, inicialmente, algo mais apropriado a se fazer

Resta saber se a Globo vai “bater o pé” ou se vai voltar atrás na decisão a medida que crescer a insatisfação de várias de suas celebridades com as proibições ou mesmo com as incessantes alfinetadas que os formadores de opinião da rede continuarão a dar até que algo mude. Afinal, se a emissora resolveu se explicar com quem opina na internet, significa que tais opiniões são importantes para ela.

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